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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Ventos de mudança em Saturno



Saturno, um dos planetas mais ventosos do nosso Sistema Solar, teve recentemente uma alteração dramática inesperada no seu clima: os seus ventos equatoriais amainaram, desde os 1700 km/h medidos pela sonda Voyager (NASA) em 1980-81, até uns modestos 990 km/h, medidos entre 1996 e 2001. A. Sanchez-Lavega, S. Perez-Hoyos, J. F. Rojas e R. Hueso, da Universidade do País Basco (Espanha), e R. French, do Wellesley College (EUA), descrevem o seu trabalho de investigação num artigo na revista científica Nature de Junho de 2003.

Utilizando imagens de Saturno obtidas peloTelescópio Espacial Hubble (NASA/ESA), os astrónomos mediram o movimento das nuvens e das tempestades no planeta dos anéis. Um dos grandes mistérios das ciências atmosféricas consiste em perceber porque é que os planetas gigantes como Júpiter e Saturno, que são enormes esferas compostas essencialmente por hidrogénio e hélio, têm um padrão de alternância entre ventos Este-Oeste e Oeste-Este com a latitude.

Ao contrário dos ventos na Terra, produzidos pelas diferentes massas de ar que recebem energia principalmente da luz do Sol, os ventos nos planetas gigantes têm uma fonte de energia adicional no calor que se escapa dos seus interiores. Embora esta fonte adicional de calor seja apenas uma fracção do calor devido à luz solar na Terra, os ventos nos planetas gigantes são dez vezes mais intensos do que os ventos na Terra. Ainda não se compreende o papel destas fontes interiores de energia na sustentação destes ventos fortes nos planetas gigantes, nem porque é que a velocidade máxima dos ventos é alcançada no equador.